História

Demerval Lobão 58 anos de emancipação política

HISTÓRIA DA CIDADE

Em 1877, foragidos de terrível seca, os irmãos Nazário, Marçal e Rodrigo da Costa Azevedo, procedentes de Novo Oriente, Ceará, chegaram à localidade onde hoje está situada a Sede do Município. Por edificarem suas casas numa baixada cercada de pequenos morros, o local ficou conhecido pelo nome Morrinhos. 

A cerca de dois quilômetros, na localidade Santa Rita, formava-se outra povoação, que contava com comércio mais adiantado e uma feira livre. Vários moradores, insatisfeitos com a recusa da doação da área onde estavam situados suas casas e o galpão de feira, retiraram-se para Morrinhos, onde foram prontamente atendidos. 

Com a chegada dos novos moradores, foi organizada uma feira nos moldes da que funcionava em Santa Rita. O comércio crescia a tal ponto que o dia 8 de setembro de 1928, em que se deu a transferência da feira de Santa Rita para Morrinhos, foi considerado o marco divisor da história do povoado. 

Logo depois, foi construída a Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Padroeira da Cidade, em terras doadas por Benedito Luís de Moraes. 

Morrinhos era passagem e parada obrigatória dos comboios que se dirigiam para Teresina. A estrada carroçável, ligando a Capital ao Sul do Estado e, mais tarde, a implantação da maior via de transporte do Piauí, fizeram com que Morrinhos se transformasse em importante pólo de progresso da grande Teresina. 

A lavoura, a pecuária e a extração de babaçu e tucum eram suporte econômico de vulto que o colocava na liderança na região. 

Quando elevado à categoria de Cidade, em 1963, a denominação foi mudada de Morrinhos para Demerval Lobão, em homenagem ao ilustre advogado e político piauiense, Demerval Lobão Veras, falecido em acidente rodoviário nas proximidades de Morrinhos em campanha política ao Governo do Estado.

FORMAÇÃO ADMINISTRATIVA

Elevado à categoria de município e distrito com a denominação de Demerval Lobão, pela lei estadual nº 2553, de 09-12-1963, desmembrado de Teresinha. Sede no atual distrito de Demerval Lobão ex-localidade de Morrinhos. Constituído do distrito sede. Instalado em 31-01-1967.

Em divisão territorial datada de 31-XII-1968, o município é constituído do distrito sede.

Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2007.

 

Gentílico: demervalense 

 

HINO DE DEMERVAL LOBÃO – PI

És o berço de nossa história,

És a terra de nossos pais,

Um dia, quando distantes,

Não esqueceremos de ti, jamais!

 

Demerval Lobão é o teu nome

Nossos pais te chamavam de Morrinhos

Tu és a nossa esperança,

Nossa terra, nosso chão, nosso ninho!

Tu és a nossa esperança,

Nossa terra, nosso chão, nosso ninho!

 

Tua história tem homens de valor

Destemidos, desbravaram nosso chão

Marçal, Rodrigo e Nazário,

Benedito Luis e “seu” João!

 

Demerval Lobão é o teu nome

Nossos pais te chamavam de Morrinhos ...

 

És filha de nossa mãe querida,

A virgem do perpétuo do Socorro,

Padroeira de nossa terra

A ti, confiante eu recorro.

 

Demerval Lobão é o teu nome

Nossos pais te chamavam de Morrinhos ...

 

O futuro e o progresso estão aqui.

Construímos com o suor de nossas mãos

Te amamos, terra querida,

Te adoramos, Demerval Lobão!

 

Demerval lobão é o teu nome

Nossos pais te chamavam de Morrinhos

Tu és a nossa esperança,

Nossa terra, nosso chão, nosso ninho!

Tu és a nossa esperança,

Nossa terra, nosso chão, nosso ninho!

 Letra e Música : Francisco da Cruz Paz

 

QUEM FOI DEMERVAL LOBÃO?

Demerval Lobão Veras – Nasceu em Campo Maior - Piauí, em 17 de fevereiro de 1915 e faleceu em Teresina vítima de acidente automobilístico, no dia 4 de setembro de 1958. Filho de Pergentino Lobão Veras e Lina Freitas Lobão, formou-se em Direito com bacharelado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito da Bahia, em 1936. Como advogado foi membro da seccional baiana e piauiense da Ordem dos Advogados do Brasil, Instituto dos Advogados Piauienses e Associação Piauiense de Imprensa. Exerceu durante um curto período a advocacia liberal na cidade de Salvador, Bahia. 

 

Diretor do Liceu Piauiense (Colégio Estadual Zacarias de Góis), instituição da qual foi aluno, Demerval Lobão foi também inspetor de ensino secundário, diretor-geral do Departamento Estadual de Fazenda e depois secretário da referida pasta, delegado do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários (IAPI), juiz do Tribunal de Contas do Estado (1946) e delegado regional do Serviço Nacional de Recenseamento (1949).

 

Eleito deputado federal pela UDN em 1950, em 1958 disputava o governo do estado, mas a campanha teve fim em 4 de setembro de 1958, quando faleceu em virtude de um desastre automobilístico ocorrido próximo ao povoado Morrinhos, na chamada tragédia da Cruz do Cassaco, que ceifou também o candidato a senador Marcos Parente. 

 

No dia 4 de setembro, início de uma manhã ensolarada, como quase todas as que permeiam o período do “B-R-O Bró”. E o quilômetro 14 da BR-316, entre Teresina e Morrinhos (atual Demerval Lobão), delimitava o local da tragédia. Os candidatos estavam a menos de um mês das eleições, marcadas para 3 de outubro. Naquela manhã, eles tinham como destino as cidades de Água Branca e São Pedro do Piauí, onde pretendiam participar de comícios. Lobão e Parente viajavam num Mercury 1951, conduzido pelo experiente motorista José Raimundo Martins Gomes. O automóvel, que também levava o médico carioca Rubens Perlingeiro e o advogado piauiense José Ribamar Pacheco, liderava um comboio com mais dois veículos, um Jeep Willys 1957 e um Ford F1 1951, ocupados pelo restante da comitiva. Em direção oposta, o caminhão-caçamba seguia para Teresina levando 16 cassacos – operários que trabalhavam nas obras da BR-316.

 

A rodovia federal era uma via de piçarra, sem pavimentação, e passava por obras, conduzidas pelo Departamento de Estradas de Rodagem – DER/PI. Embora o dia estivesse claro, uma nuvem de poeira erguia-se no rastro dos veículos e diminuía a visibilidade no caminho. Estava criado o cenário para o acidente que, mais tarde, entraria para a História do Piauí como o “Desastre da Cruz do Cassaco”. Pouco antes da batida, o motorista da caçamba imprimiu uma maior velocidade para ultrapassar um caminhão, sem perceber que outro veículo vinha em direção a Morrinhos. O choque foi inevitável e fatal. Os cinco ocupantes do Mercury morreram na hora. Assim como seis operários que viajavam no caminhão do DER. Os outros 10 passageiros ficaram feridos, boa parte deles em estado grave.

 

Os demais integrantes da comitiva de campanha chegaram ao local minutos após o acidente. O barulho da batida também levou muitos curiosos à cena da tragédia. A notícia da morte dos principais líderes das Oposições Coligadas logo se propagou pelas ondas do rádio. Em pouco tempo, o Piauí comentava sobre o acidente que matou Demerval Lobão, Marcos Parente e outras nove pessoas. O noticiário também repercutia a comoção da multidão que se reunia em frente ao Hospital Getúlio Vargas, em Teresina, para onde os mortos e feridos foram levados. O corpo de Demerval Lobão seria, mais tarde, velado na Assembleia Legislativa do Estado, enquanto o de Marcos Parente seria enviado para o Rio de Janeiro, então capital federal, onde residia a família do parlamentar.

 

Substituído como candidato a governador por Chagas Rodrigues, que teve como vice governador Tibério Barbosa Nunes. Demerval Lobão foi homenageado quando, anos depois de seu falecimento, Morrinhos foi emancipado e se tornou o município de Demerval Lobão, ao sul de Teresina-PI.